terça-feira, 27 de julho de 2010

Dia de bicho

























“A fauna silvestre e a Mulher Selvagem são espécies em risco de extinção.Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução do espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos, ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milênios, sempre que viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros…”“Os lobos e as mulheres foram perseguidos e acossados, sendo-lhes falsamente atribuídos o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores. Foram alvos daqueles que preferiam arrasar as matas virgens, bem como os arredores selvagens da psique, erradicando o que fosse instintivo, sem deixar que dela restasse nenhum sinal. A atividade predatória contra os lobos e as mulheres, por parte daqueles que não os compreendem, é de uma semelhança surpreendente.”“Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas.”

Pequeno trecho do excelente livro “Mulheres que Correm com Lobos – Mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem”, da psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés.
Jungle Fever Angela, Muse, edicao de julho by Solve Sundsbo
Postado por Silvia Luz

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